As rotinas
“ (…) As rotinas da creche, alimentação, o sono, a higiene… funcionam como eixos globalizadores, em torno dos quais se deve articular a acção educativa da creche". (Marchão, 1998:11, in CEI nº 48)
As situações de rotina constituem momentos privilegiados de inter-acção adulto/ criança, durante os quais o adulto pode inter-agir com a criança, conversar, criar, jogar, falar, sorrir estabelecendo uma relação afectuosa com cada criança, uma vez que cada uma das crianças é um ser único e tem necessidades diferentes.
De carácter individualizado e flexível, as rotinas são também momentos de trocas intensas e de aprendizagens significativas, em que se promove a independência e a autonomia.
O acolhimento, a mudança da fralda, as refeições e o sono, fazem parte de uma rotina diária organizada que deve ser mantida, sendo no entanto flexível, tendo em atenção as necessidades de cada criança, respeitando os diferentes ritmos, hábitos e preferências de cada criança. Estas rotinas proporcionam às crianças segurança, orientam a sua acção, pois vão progressivamente adquirindo uma noção de tempo e espaço e percebendo a sequência dos vários acontecimentos diários.
Acolhimento
O acolhimento é feito por um adulto pertencente à sala, disponível para conversar com quem traz a criança, de forma a conhecer como passou a noite, como acordou, a que horas comeram, compreendo assim melhor a criança.
Refeições
“A qualidade da relação estabelecida entre o adulto e o bebé durante as refeições é tão ou mais importante que as questões dos horários ou nutrientes.” (Freitas, 1998)
Os primeiros 3/4 meses do bebé, momento em que se introduzem outro tipo de alimentos que não o leite materno, nomeadamente a sopa e papa, os pais, por vezes vivem sentimentos de preocupação e angústia face às refeições. Estas, no entanto podem tornar-se momentos de descontracção e prazer, se adulto recorrer a actividades lúdicas.
Mais importante que “o dar de comer”, é a relação afectuosa que se estabelece no momento da refeição. Estabelecer o diálogo com a criança, dar-lhe atenção, esboçar um sorriso, transforma o momento da refeição. O simples acto de “dar de comer” passa a ser momento privilegiado, em afectos, brincadeira/jogo e de prazer.
“Falar à criança durante a refeição, exprimir-lhe o nosso afecto… fá-la nascer, crescer e progredir…” (Rega e Simões, 1998.)
Segundo os autores anteriormente citados, o afecto é um tempero indispensável nas refeições.
Todas as crianças gostam de ter a atenção do adulto, daí que para atrair o interesse da criança terá que se usar um tom de voz calmo, linguagem carinhosa e uma expressão facial adequada. O comunicar com o bebé desta forma fá-lo sentir seguro, amado, calmo e envolvido.
O carinho é outro dos ingredientes muito importante.
O respeito pelos horários das refeições, pela introdução de novos alimentos, pelo ritmo individual de cada criança e, ainda, por uma alimentação adequada e rica são, também elementos importantes. De igual modo, existe um espaço destinado exclusivamente às refeições, no qual se preserva a comunicação e o estreitar da relação, e, ainda, adequar as ementas consoante os gostos das crianças. No caso das crianças mais pequenas privilegia-se a alimentação ao colo, visto transmitir maior segurança e tranquilidade. Estes momentos constituem, também uma excelente oportunidade para o desenvolvimento da autonomia da criança, para o despertar para a ocorrência de experiências sensoriais e, ainda para a aprendizagem de competências sociais. A criança “ mexe” nos objectos leva-os à boca, cheira-os (alimentos, prato e colher), assim tendo a oportunidade de se familiarizar com estes, e tentar comer sozinha.
Higiene
Os momentos de higiene e mudança de fralda são momentos privilegiados da relação adulto /criança, momentos de brincadeira com o corpo – pés, mãos, barriga, momentos de contacto físico e de diálogo”. (Figueira, 1998)
A higiene corporal é um dos factores importantes no bem – estar do bebé.
A mudança da fralda é um momento de comunicação entre o adulto e a criança, quer através do gesto, da expressão facial, da expressão verbal, um momento de descoberta e de exploração do corpo, de brincadeira/ jogo entre os intervenientes, de contacto físico, de interacção efectiva que promove aprendizagens significativas.
A acção simples “muda de fralda”, pode parecer uma tarefa não valorizada que qualquer um pode assegurar. No entanto, mais do que simples contacto físico, constituí um momento privilegiado para a construção de sentimentos essenciais de segurança e reconhecimento. Este é um momento de prazer, de satisfação e de partilha, de modo a não se tornar numa tarefa rápida, maçuda e pouco interactiva.
Sono
“Não deve haver hora certa para dormir, cada criança tem o seu ritmo muito próprio.” (Figueira, 1998)
Tal como as outras rotinas, o sono também tem um carácter individualizado e flexível. Quanto mais pequena é a criança, maior é a necessidade biológica de dormir. O sono decorre num espaço calmo e silencioso, desta forma este, pode ser um momento muito gratificante para a criança.
As necessidades individuais e o ritmo individual de cada criança é preservado, podendo, assim a criança usufruir de um bom sono. Como cada criança é um ser único e individual, possuí hábitos que serão respeitados e preservados. O facto de a criança ter um objecto transitivo,
Na creche os momentos de rotina como a chegada e partida, a hora das refeições, a higiene, são essenciais, tendo a intenção de os realizar como tempos educacionais capazes de promover o crescimento físico, as competências cognitivas e a comunicação das crianças. Estes momentos pressupõem um planeamento flexível e cuidado por parte do educador, de forma a responder às necessidades e interesses das crianças, pois “ são suficientemente repetitivos para permitirem que as crianças explorem, treinem e ganhem confiança nas suas competências em desenvolvimento.” (Post e Hohmann, 2004)
ResponderEliminarAcrescentei esta citação muito pertinente a qual concordo plenamente desde que todos estes momentos tenham sempre uma intencionalidade.