sexta-feira, 21 de outubro de 2011

CURRICULO-CRECHE


O CURRICULO
CRECHE

“…o currículo é um conjunto de experiências organizadas de forma a oferecer oportunidades formais e informais de aprendizagem, par crianças num ambiente escolar”.   (Spodek, 1998)
Por vezes, não se dá a devida importância ao currículo em creche, os especialistas da primeira infância referem-no como um aspecto muito importante, salientando, no entanto, a especificidade das suas características, uma vez que nesta valência, é impossível trabalhar separadamente dimensões cognitivas e se torna difícil separa-las das outras, afectivas ou sociais. No currículo está tudo o que acontece ou deverá acontecer ao longo do programa, é concebido no sentido no sentido de responder a todas as necessidades da criança, favorecendo o seu bem-estar, autonomia, confiança e alegria, tendo em consideração a cultura, o meio de onde a criança provém, assim como os materiais existentes nas instituições. Contrariando as habituais noções de “escolaridade”, de conteúdos a ensinar, onde existe transmissão de conhecimento, o importante é valorizar o desenvolvimento de capacidades e de competências, tão importantes para as crianças em idades de Creche.
É do conhecimento geral que as crianças pequenas adquirem conhecimentos através dos livros que lhe lemos, das histórias que lhes contamos, das músicas que cantamos, das experiências que oferecemos e dos vínculos de confiança que adultos e crianças criam entre si, desenvolvendo, paralelamente, a auto-estima, o desenvolvimento sensório motor, a linguagem… A concepção de currículos deve ser rica em conteúdos e que favoreçam simultaneamente a socialização das crianças na escola e na sua cultura, dando resposta aos modos de pensar e ao nível de desenvolvimento das crianças, ao mesmo tempo que enfatiza o conhecimento cultural. Tem, ainda, a seu cargo, o importante papel de atender às necessidades específicas de cada criança, conhecendo os jogos, os seus brinquedos favoritos, os seus hábitos e os seus melhores amigos, entre outros.
Os aspectos de grande relevo que devem ser levados em consideração e trabalhados em Creche, de acordo com Bassedas & Huguet (1999) são os seguintes:
·        A especificidade dos primeiros anos de vida, “ as grandes mudanças”-Durante os primeiros três anos de vida, as rotinas de higiene, alimentação e de sono são o “eixo” em torno do qual se situa a relação com o/a educador/a. É nestes momentos diários que estabelecemos as relações de afecto, os vínculos e a comunicação. Observar e escutar as suas manifestações (sons, ruídos, choros, sorrisos) para que possa actuar em consequência destes. O adulto deverá utilizar a linguagem verbal, imprescindível para um bom desenvolvimento das suas capacidades cognitivas e linguísticas, favorecendo o contacto físico entre educador/ criança transmitindo segurança e promovendo o conhecimento do seu próprio corpo e do corpo do outro. O educador vai modificando a sua intervenção, tendo em conta as diferentes aquisições que as crianças vão fazendo ao longo desta etapa.
·        O efeito estruturador da personalidade e das figuras de afeição  (vínculos afectivos) -As crianças começam a investigar contextos menos conhecidos. À medida que se sentem seguras interagem com pessoas, exploram o espaço e os objectos desconhecidos. Este processo é fundamental para um melhor desenvolvimento das capacidades de equilíbrio emocional. Em todos os momentos, em que a criança se possa defrontar com situações nas quais ocorre uma separação das pessoas que lhe transmitem maior segurança é importante a presença do adulto.
·        O papel estruturador da resolução das necessidades de limpeza e alimentação: da dependência total a autonomia progressivas – As rotinas continuam a manter um papel fundamental no desenvolvimento das capacidades, embora as crianças intervenham cada vez mais activamente na resolução dessas necessidades. Fomentar essa intervenção progressiva, sem forçar a criança a ter uma autonomia total, sob o risco de se repercutir negativamente nas aquisições feitas até ao momento. Planear pequenas acções que pareçam alcançáveis à criança, transmitindo expectativas positivas em relação às suas capacidades de assumir progressivamente uma maior autonomia, tanto na hora das refeições como no controlo dos esfíncteres.
·        A necessidade de movimento e jogo – As crianças nesta idade têm grande necessidade de explorar o espaço, de exercitar o seu corpo, e de conhecer os objectos que existem a sua volta. Deste modo é importante cuidar dos materiais e do espaço a que estes têm acesso, adaptando os objectos as suas necessidades, intercalando momentos de jogo espontâneo, de exploração, com situações em que os adultos orientem o jogo e, progressivamente, a criança passará de espectadora a activa.
·        A necessidade uma estreita relação entre a família e a instituição -Tanto para satisfazer as necessidades das crianças, como as dos pais é fundamental que se estabeleça uma relação estreita com as famílias. Nem todos os pais, nem todas as crianças necessitam do mesmo tipo de atenção. Assim é necessário, estar muito atento, para responder às preocupações e às perguntas que os pais possam ter ao deixarem o seu filho aos cuidados de outrem. A criança percebe sempre quando os pais se sentem confiantes e tranquilos, ao deixa-la na Creche.
“… o  importante em creche é que a acção educativa seja individualizada, respeitando o ritmo individual de cada criança, o que implica uma gestão flexível do currículo, ao nível das actividades pedagógicas realizadas neste contexto”. (Gabriela Portugal, 1998)

Sem comentários:

Enviar um comentário